Monday 30 March 2015

O ARROZ DE PALMA - Francisco Azevedo



            O arroz de Palma fala de família. Antonio, já com 88 anos, prepara um grande almoço para comemorar os cem anos do casamento de seus pais. Os irmãos, já octogenários como ele, e todos os seus descendentes comparecem à celebração. O enredo ocorre ao personagem em forma de lembranças de família. 

            Em clima de realismo fantástico, o fio condutor é o arroz jogado no casamento dos patriarcas, quando a trama tem início, no dia 11 de julho de 1908, em Viana do Castelo, Norte de Portugal, no casamento de José Custódio e Maria Romana. Terminada a cerimônia, o arroz que desaba sobre os noivos é torrencial, chuva branca que não para. O cortejo segue em festa pelo vilarejo, mas a romântica Palma permanece ali, feliz com todo aquele arroz espalhado pelo adro da igreja. Muito pobre, ela havia decidido, com entusiasmo, que aquele seria o seu presente de casamento para o irmão e a cunhada. Infelizmente, o arroz, dado com tanto amor, resulta na primeira briga do casal. A partir daí, por quatro gerações, todas as disputas, os conflitos, os dramas e as alegrias da família giram em torno do arroz.

            O arroz de Palma fala das raízes do imigrante lusitano. Da gente simples, honesta e trabalhadora que veio em busca de uma vida melhor em terras brasileiras, cheia de sonhos e projetos e que, transplantada neste solo, com muita luta e espírito de superação, aprofundou raízes, cresceu e deu frutos.

        O texto “Família é prato difícil de preparar”, extraído do primeiro capítulo do livro, começou a circular de forma espontânea pelas redes sociais e transformou o livro em um fenômeno do boca a boca – prova, talvez, de que família é mesmo prato de complicadíssima elaboração e que, como diz o velho cozinheiro Antonio, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, temos de experimentar e comer.




Recomendo que leiam este livro.

A AMÉRICA NÃO EXISTE - Antonio Monda


Após a morte de seus pais num acidente, Nicola e Maria são obrigados a deixar o vilarejo onde nasceram, no sul da Itália, e atravessar o oceano até a América. Acolhidos por um tio que fizera fortuna em Nova York, os irmãos encaram a terra das oportunidades, cada qual a seu modo. Sobrevivendo à América dos anos 1950, ambos terão de descobrir seus próprios caminhos nesta deslumbrante recriação de uma época repleta de promessas e contradições

A VIÚVA CLIQUOT - Tilar J. Mazzeo

A história da fundadora de uma das casas de champanhe mais famosas do mundo é contada em A Viúva Clicquot. Graças a um extenso trabalho de pesquisa, a autora Tilar J. Mazzeo nos mostra que, nos séculos XVIII e XIX, Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin foi uma das primeiras mulheres a liderar um império comercial internacional, sob a marca Veuve Clicquot. Sem medo de arriscar a própria independência financeira, ela fez do produto que vendia um sinônimo de luxo e tornou-se uma lenda na França.
Filha de um rico comerciante, Barbe-Nicole testemunhou, ainda criança, a Revolução Francesa. Criada para ser esposa e mãe, ela não tinha o menor conhecimento do mercado de vinhos, já que o dinheiro da família era proveniente da indústria têxtil. Sua entrada no ramo da vinicultura viria graças ao casamento com François Clicquot, cujo pai, que também fizera fortuna na área de tecelagem, resolvera investir no comércio de bebidas.
Viúva aos 27 anos, com uma filha pequena e sem qualquer formação empresarial, Barbe-Nicole assumiu o controle da vinícola do marido. Em meio ao caos das guerras do período napoleônico, a jovem levou pouco mais de uma década para transformar uma pequena empresa familiar em um grande negócio, superando períodos de crise e firmando-se como uma das mulheres mais ricas e bem-sucedidas de seu tempo.
Entre as inovações promovidas por Barbe-Nicole nas adegas, a mais importante é o processo conhecido comoremuage, que barateou o custo da produção ao aumentar o aproveitamento do produto. Trata-se de um método de armazenar garrafas de cabeça para baixo, permitindo eliminar rapidamente os resíduos acumulados durante a segunda fermentação, essencial para a formação de bolhas no champanhe. Com isso, a bebida se torna cristalina.
Mas a maior inovação levada a cabo pela viúva Clicquot não é de ordem técnica. Com ela, o champanhe passou a ser sinônimo de luxo e sofisticação ao cair nas graças da rica burguesia ascendente. Era essa classe emergente que Barbe-Nicole ambicionava conquistar, transformando o mercado de bebidas enquanto toda a estrutura doancién regime ruía.
Embora tenha sido uma revolucionária na vida pública, na intimidade Barbe-Nicole era extremamente conservadora: nunca defendeu os direitos das mulheres, apesar de ter vivido na época do nascimento do feminismo, e manteve a filha afastada da gestão da empresa, preferindo cercar-se de homens. Audaciosa nos negócios, ela concentrou seus esforços no desafio de comandar uma companhia de bebidas em tempos turbulentos, entrando para a História como a figura empreendedora que abriu horizontes para as mulheres no mundo dos negócios e mudou a vinicultura francesa, forçando todos os que a cercavam a reconsiderarem os estereótipos de gênero da época.