Monday, 2 April 2012

POR FAVOR CUIDE DA MAMAE - Shin Kyung-Sook

Park So-nyo, 69 anos, mãe de cinco filhos, desapareceu. Ao chegar a Seul para visitá-los, saindo de sua aldeia com o marido, com quem é casada há mais de 50 anos, ela é deixada para trás em meio à multidão em uma plataforma da estação de metrô. Como fez a vida toda, ele simplesmente supôs que a esposa o seguia.

Essa é a última vez em que Park é vista. Começa então a procura, liderada pelos filhos e o marido, que se transforma em uma exploração emocional repleta de remorso e marcada pela triste descoberta de uma mulher que ninguém nunca conheceu. Narrado pelas vozes de uma filha, de um filho, do marido e da própria mulher desaparecida, Por favor, cuide da Mamãe é, ao mesmo tempo, um retrato da Coreia do Sul contemporânea e uma história universal sobre família e amor.

Eis um pequeno trecho do livro:

Faz uma semana que Mamãe sumiu. Reunida na casa do seu irmão mais velho, Hyong-chol, a família troca ideias. Você decide preparar panfletos e distribuí-los onde Mamãe foi vista pela última vez. A primeira coisa a fazer, todos concordam, é rascunhar o panfleto. Obviamente, um panfleto é um recurso antiquado para a situação, mas não há muito que a família da pessoa desaparecida possa fazer, e a pessoa desaparecida é ninguém menos que sua mãe. Tudo o que você pode fazer é registrar o desaparecimento, vasculhar a área e perguntar ao maior número possível de pessoas se uma senhora parecida com ela foi vista. Seu irmão mais novo, dono de uma loja on-line de roupas, diz que postou na internet que a mãe sumiu, descreveu o local onde ela foi vista pela última vez, adicionou sua foto e pediu para que as pessoas entrassem em contato com a família, caso a vissem. Você quer procurá-la onde acredita que ela possa estar, mas sabe que ela não conseguiria chegar sozinha a nenhum lugar nessa cidade. Hyong-chol diz que é você quem deve redigir o pancuide 10 Kyung-sook Shin fleto, já que seu trabalho é escrever. Você fica vermelha, como se tivesse sido pega fazendo algo que não devia. Não tem certeza se suas palavras ajudariam a encontrar Mamãe. Quando você escreve 24 de julho de 1938 como a data do nascimento de Mamãe, seu pai a corrige, dizendo que ela nasceu em 1936. O registro oficial diz que ela nasceu em 1938, mas parece que foi mesmo em 1936. É a primeira vez que você ouve essa história. Seu pai diz que todo mundo fazia isso naquela época. Como muitas crianças não chegavam aos três meses de vida, os pais deixavam passar alguns anos antes de fazer o registro oficial. Quando você está decidida a substituir 38 por 36, Hyong-chol diz que é preciso deixar 1938, porque essa é a data oficial. Você não acredita que haja necessidade de tanta precisão, já que está preparando um simples panfleto. Não é como se estivesse em um órgão do governo. Mas, obedientemente, mantém o 38, e se pergunta se 24 de julho seria de fato a real data de nascimento de Mamãe.

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