Sunday, 14 September 2014

SEM LUGAR PARA SE ESCONDER - Edward Snowden




Em meados de 2013, o jornal britânico The Guardian publicou uma série de matérias que desvendavam a vigilância ilimitada praticada pela NSA, a Agência de Segurança Nacional norte-americana. As reportagens, assinadas pelo ex-advogado e jornalista Glenn Greenwald, revelaram ao mundo que a inteligência do país estava espionando em larga escala não só as comunicações domésticas, mas também as de outros países, inclusive os aliados.

As denúncias suscitaram um longo debate global, ainda em curso, sobre o direito à privacidade e o alcance da vigilância governamental. Neste livro, Greenwald conta, desde o início, como foi escolhido por Edward Snowden para ser o receptor dos dados confidenciais que formaram o escopo de seu trabalho jornalístico.

Além de falar sobre o período que passou com Snowden, ex-prestador de serviços da NSA que se tornou um dos delatores mais célebres da história moderna, o autor reflete sobre o papel que a mídia desempenha no jornalismo atual, alinhando-se aos interesses dos governos em detrimento dos cidadãos. Trata também das consequências, para a democracia, de um programa de supervisão ininterrupta e irrestrita de pessoas, empresas e governos.

Greenwald ainda revela novas informações sobre o abuso de poder da NSA e propõe medidas para conter o alcance aparentemente inflexível dos aparatos de vigilância norte-americanos.


A Globo publicou com exclusividade trecho do livro. Reproduzo aqui para quem sabe lhe entusiasmar a ler este livro

“Sem lugar para se esconder”

De Glenn Greenwald

Na quinta-feira, meu quinto dia em Hong Kong, quando cheguei ao quarto de Snowden, ele me disse na hora que tinha uma notícia "um pouco alarmante". Um equipamento de segurança conectado à internet da casa em que ele morava com a namorada de longa data no Havaí havia detectado que duas pessoas da NSA – um funcionário de recursos humanos e um "agente de polícia" da agência – tinham ido até lá à sua procura.
Snowden tinha quase certeza de que isso significava que a NSA o identificara como a fonte provável dos vazamentos, mas eu me mostrei cético.
– Se eles achassem que você fez isso, mandariam hordas de agentes do FBI com mandados de busca, e provavelmente equipes da SWAT, não um único funcionário da NSA e alguém de recursos humanos.

Calculei que aquilo fosse apenas uma investigação de rotina, pro forma, acionada quando um empregado da NSA falta algumas semanas ao trabalho sem dar explicação. Snowden, contudo, sugeriu que eles talvez estivessem sendo discretos de propósito, para evitar atrair a atenção da mídia ou acarretar alguma tentativa de destruir indícios.
O que quer que aquela notícia significasse, ela ressaltava a necessidade de preparar rapidamente nossa matéria e o vídeo que identificaria Snowden como a fonte do vazamento. Fazíamos questão de que o mundo ouvisse falar pela primeira vez nele, em suas ações e em seus motivos de sua própria boca, e não por meio de uma campanha de demonização propalada pelo governo dos Estados Unidos enquanto ele estivesse escondido ou preso, sem poder falar por si.
Nosso plano era publicar mais duas matérias no Guardian e então soltar um longo artigo sobre Snowden acompanhado de uma entrevista em vídeo e um bate-bola impresso com ele.

Laura havia passado as 48 horas anteriores editando as imagens de minha primeira entrevista com Snowden, mas disse que o material era detalhado, longo e fragmentado demais para poder ser usado. Queria filmar logo outra entrevista, mais concisa e focada, e elaborou uma lista com cerca de vinte perguntas específicas para que eu lhe fizesse. Enquanto ela montava a câmera e nos indicava onde sentar, acrescentei várias outras.
O vídeo agora famoso começa assim: "Ahn... meu nome é Ed Snowden. Tenho 29 anos. Trabalho para a Booz Allen Hamilton como analista de infraestrutura terceirizado para a NSA no Havaí."
Snowden prosseguiu com respostas sucintas, estoicas e racionais a cada pergunta: por que decidira vazar aqueles documentos? Por que aquilo era tão importante para ele a ponto de levá-lo a sacrificar a própria liberdade? Quais eram as revelações mais importantes? Os documentos denunciavam algo criminoso ou ilegal? O que ele imaginava que iria lhe acontecer?

Conforme ia dando exemplos de vigilância ilegal e invasiva, Snowden começou a se mostrar mais animado e arrebatado. Foi só quando lhe perguntei se ele esperava alguma repercussão que demonstrou preocupação, pois temia que o governo, como retaliação, começasse a visar sua família e sua namorada. Para reduzir esse risco, falou, evitaria entrar em contato com eles, mas sabia que não poderia protegê-los totalmente. "Esta é a única coisa que me tira o sono: pensar no que vai acontecer com eles", afirmou, com os olhos marejados; foi a primeira e única vez que vi isso acontecer.
O astral relativamente descontraído que conseguíramos manter ao longo dos dias anteriores deu lugar outra vez a uma ansiedade palpável: faltavam menos de 24 horas para revelarmos a identidade de Snowden, e sabíamos que isso mudaria tudo – especialmente para ele. Nós três tínhamos compartilhado uma experiência curta, mas muito intensa e gratificante. E um de nós seria, em breve, retirado do grupo e sem dúvida despachado para a prisão por muito tempo, um fato que pairava no ar de modo deprimente desde o início, tornando o clima pesado, ao menos para mim. Apenas Snowden parecera imune a esse fato. Agora, um humor negro nervoso começava a se insinuar em nossa interação.
"Eu fico com a cama de baixo do beliche em Guantanamo", brincava ele ao imaginar o que iria nos acontecer. Enquanto conversávamos sobre matérias futuras, Snowden dizia coisas do tipo "Isso aí vai entrar na acusação. Só resta saber se na sua ou na minha". Na maior parte do tempo, ele manteve uma calma inimaginável. Mesmo então, com seu tempo de liberdade cada vez mais perto de se esgotar, continuava indo para a cama às dez e meia, como tinha feito todas as noites desde que eu chegara a Hong Kong. Enquanto eu mal conseguia dormir duas horas seguidas, e tinha sempre um sono agitado, ele mantinha uma rotina regular. "Bom, vou deitar", dizia de forma casual todas as noites antes de se retirar para sete horas e meia de sono profundo e reaparecer no dia seguinte, totalmente descansado.

Quando lhe perguntamos sobre sua capacidade de dormir tão bem naquelas circunstâncias, ele respondeu que sentia uma paz profunda em relação ao que tinha feito, e que portanto era fácil dormir à noite.
– Imagino que me restem muito poucos dias com um travesseiro confortável, então é melhor aproveitar – brincou.
(...)
No dia 9 de junho, um domingo, às duas da tarde no horário da Costa Leste dos Estados Unidos, o Guardian publicou a matéria que apresentava Snowden ao mundo: "Edward Snowden: o delator responsável pelas revelações sobre a vigilância da NSA". A matéria trazia sua biografia, enumerava suas motivações e afirmava: "Snowden vai entrar para a história como um dos delatores mais importantes dos Estados Unidos, ao lado de Daniel Ellsberg e Bradley Manning." Citava também o texto que ele mostrara logo no início a Laura e a mim: "Entendo que serei obrigado a responder pelos meus atos, [mas] ficarei satisfeito se o conluio de leis secretas, perdão desigual e poderes executivos ilimitados que governa o mundo que amo for desmascarado, nem que seja por um único instante."
A reação provocada pela matéria e pelo vídeo foi mais explosiva do que qualquer outra coisa que eu já vivenciara como jornalista. O próprio Ellsberg, em um texto publicado pelo Guardian no dia seguinte, afirmou que "jamais houve, em toda a história dos Estados Unidos, vazamento mais importante do que a revelação do material da NSA por Edward Snowden – nem mesmo, seguramente, os Documentos do Pentágono, quarenta anos atrás".
Só nos primeiros dias, centenas de milhares de pessoas postaram o link para a matéria em seus perfis no Facebook. Quase 3 milhões de pessoas assistiram à entrevista no YouTube, e muitas outras no site do Guardian. A reação predominante era de assombro e inspiração com a coragem de Snowden.

Ele, Laura e eu acompanhamos juntos a repercussão da revelação de sua identidade, enquanto eu também avaliava, junto com dois estrategistas de mídia do Guardian, quais entrevistas televisivas deveria aceitar fazer na manhã de segunda-feira. Optamos pelo programa Morning Joe, da MSNBC, seguido pelo Today Show, da NBC – os dois primeiros a irem ao ar, que dariam o tom da cobertura do caso ao longo do dia.
Antes que eu pudesse dar as entrevistas, porém, fomos distraídos por um telefonema: às cinco da manhã – poucas horas depois de publicada a matéria sobre Snowden –, um leitor meu muito antigo que mora em Hong Kong e com quem eu havia me comunicado periodicamente ao longo da semana me ligou. Afirmou que o mundo inteiro logo estaria à procura de Snowden em Hong Kong e insistiu que ele precisava, com urgência, arrumar advogados influentes na cidade. Estava com dois dos melhores advogados de direitos humanos de prontidão, dispostos a representá-lo. Será que os três podiam ir ao meu hotel naquele mesmo instante? prontidão, dispostos a representá-lo. Será que os três podiam ir ao meu hotel naquele mesmo instante?
Combinamos nos encontrar pouco tempo depois, por volta das oito. Dormi por algumas horas até que ele ligou, uma hora antes, às sete.
– Já estamos aqui no lobby do seu hotel – falou. – Estou com os dois advogados. Aqui está lotado de câmeras e jornalistas. A imprensa está procurando o hotel de Snowden e não vai demorar a encontrar, e os advogados estão dizendo que é fundamental falarem com ele antes dos jornalistas.
Ainda meio dormindo, vesti as primeiras roupas que consegui encontrar e fui cambaleando até a porta. Assim que a abri, os flashes de várias câmeras dispararam na minha cara. A horda de repórteres com certeza devia ter pago algum funcionário do hotel para conseguir o número do meu quarto. Duas mulheres se identificaram como repórteres do Wall Street Journal baseadas em Hong Kong; outros, inclusive um cinegrafista com uma câmera bem grande, eram da Associated Press.
Eles formaram um semicírculo à minha volta, sabatinando-me enquanto eu caminhava até o elevador. Entraram na cabine junto comigo, metralhando perguntas; respondi à maioria delas com monossílabos sucintos, secos e pouco informativos.
No lobby, um novo enxame de câmeras e jornalistas se juntou ao grupo. Tentei procurar meu leitor e os advogados, mas não conseguia avançar meio metro sem que algum repórter entrasse na minha frente.
Fiquei particularmente preocupado que aquela multidão tentasse me seguir e impedisse o acesso dos advogados a Snowden. Por fim, decidi dar uma coletiva improvisada ali mesmo, no lobby, e responder às perguntas para que os jornalistas fossem embora. Depois de uns quinze minutos, a maioria de fato se dispersou.

Senti, então um grande alívio ao esbarrar com Gill Phillips, principal advogada do Guardian, que tinha feito escala em Hong Kong em uma viagem da Austrália para Londres a fim de prestar assessoria jurídica a Ewen e a mim. Ela disse que queria explorar todos os modos possíveis de o Guardian proteger Snowden. "Alan faz questão de que o jornal dê a ele todo o apoio que puder legalmente", falou. Tentamos conversar mais, porém não conseguimos ter privacidade, pois alguns dos repórteres continuavam rondando.
Enfim consegui localizar meu leitor e os dois advogados de Hong Kong que o acompanhavam. Tentamos arrumar um jeito de nos falar sem sermos seguidos e acabamos todos no quarto de Gill. Batemos a porta na cara do punhado de jornalistas que ainda nos seguia.
Fomos direto ao assunto. Os advogados queriam falar com Snowden com urgência e obter sua permissão formal para que o representassem, quando então poderiam começar a agir em seu nome.

Gill fazia pesquisas frenéticas pelo celular para investigar aqueles advogados que acabáramos de conhecer antes de lhes entregar Snowden. Ela conseguiu descobrir que eles eram mesmo bastante conhecidos e experientes na área de direitos humanos e asilo a refugiados, e pareciam muito bem relacionados politicamente em Hong Kong. Enquanto Gill realizava sua pesquisa improvisada, entrei no programa de chat. Tanto Snowden quanto Laura estavam on-line.
Laura, agora hospedada no mesmo hotel que Snowden, tinha certeza de que era só uma questão de tempo até que os repórteres descobrissem a localização deles também. É claro que ele estava ansioso para sair de lá. Contei-lhe sobre os advogados dispostos a ir até seu quarto e Snowden disse que eles deveriam ir buscá-lo e levá-lo para um lugar seguro. Estava "na hora de começar a parte do plano em que eu peço ao mundo proteção e justiça", falou.
"Só que eu preciso sair do hotel sem ser reconhecido pelos jornalistas", prosseguiu. "Caso contrário, eles simplesmente vão me seguir para onde eu for."
Transmiti essa preocupação aos advogados.
– Ele tem alguma ideia para evitar isso? – indagou um deles.
Fiz a pergunta a Snowden.
"Estou tomando providências para mudar de aparência", respondeu ele. Ficou claro que já tinha pensado naquilo. "Posso me tornar irreconhecível."
Àquela altura, pensei que os advogados e Snowden deveriam se falar diretamente. Antes disso, ele precisava recitar uma frase formal sobre aceitar ser representado por eles a partir dali. Mandei a frase para ele, que a digitou de volta para mim. Os advogados então assumiram meu lugar no computador e começaram a falar com ele.
Dali a dez minutos, anunciaram que estavam a caminho do hotel de Snowden para encontrá-lo quando ele tentasse sair sem ser visto.
– O que vocês pretendem fazer com ele depois? – perguntei.
Eles provavelmente o levariam à missão da ONU em Hong Kong e pediriam a proteção formal da organização contra o governo dos Estados Unidos, alegando que Snowden era um refugiado pedindo asilo. Senão, disseram, tentariam arrumar um "esconderijo".
Mas como conseguir tirar os advogados do hotel sem que ninguém os seguisse? Bolamos um plano: eu sairia do quarto com Gill e desceria até o lobby para convencer os jornalistas ainda acampados em frente à nossa porta a me seguirem. Os advogados, então, aguardariam alguns minutos e iriam embora do hotel, com sorte sem atrair atenção.
O estratagema deu certo. Depois de conversar por meia hora com Gill em um shopping anexo ao hotel, tornei a subir para meu quarto e, ansioso, liguei para o celular de um dos advogados.
– Conseguimos tirá-lo pouco antes de os jornalistas começarem a invadir o lobby – contou ele. – Nós o encontramos em seu quarto, aí atravessamos uma passarela até um shopping anexo ao hotel. – Em frente à sala com o jacaré onde Snowden tinha nos encontrado pela primeira vez, como descobri depois. – Então entramos no nosso carro, que já estava lá. Ele está conosco agora.
Para onde eles iriam levá-lo?
– É melhor não falarmos sobre isso pelo telefone – respondeu o advogado. – Ele vai estar seguro, por enquanto.
Fiquei profundamente aliviado ao saber que Snowden estava em boas mãos, mas nós sabíamos que havia uma grande chance de nunca mais o vermos nem falarmos com ele, pelo menos não enquanto ele fosse um homem livre. O mais provável, pensei, era que o víssemos da próxima vez na TV, em um tribunal dos Estados Unidos, usando o macacão laranja de um presidiário americano e com os pés e mãos acorrentados, sendo indiciado por acusações de espionagem.
Enquanto eu digeria a notícia, alguém bateu na minha porta. Era o gerente geral do hotel, avisando que não paravam de receber ligações para o meu quarto (eu deixara instruções na recepção para que todas as chamadas fossem bloqueadas). Havia também uma multidão de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas no lobby esperando que eu aparecesse.
– Se o senhor quiser, pode deixar o hotel usando um elevador dos fundos e uma saída que ninguém vai ver – sugeriu ele. – E a advogada do Guardian fez uma reserva em outro hotel com um nome diferente, se for de sua preferência.
Na língua dos gerentes de hotel, aquilo obviamente significava: nós queremos que o senhor saia daqui por causa do caos que está gerando. Eu sabia que aquilo era mesmo uma boa ideia: eu gostaria de continuar a trabalhar com alguma privacidade, e ainda tinha esperanças de manter contato com Snowden. Assim, fiz as malas, segui o gerente pela saída dos fundos, encontrei Ewen me esperando dentro de um carro e me registrei em outro hotel usando o nome da advogada do Guardian.

A primeira coisa que fiz foi me conectar à internet, torcendo para ter notícias de Snowden. Vários minutos depois, ele entrou on-line.
"Está tudo bem", escreveu. "Estou em um lugar seguro, por enquanto. Só não sei quão seguro, nem quanto tempo vou passar aqui. Vou ter que ficar mudando de lugar e meu acesso à internet é precário, então não sei quando nem com que frequência vou estar logado."
Ele estava claramente relutante em dar qualquer detalhe sobre sua localização, e eu tampouco perguntei. Tinha consciência de que a minha capacidade de me envolver no processo de escondê-lo era muito limitada. Snowden era agora o homem mais procurado pelo governo mais poderoso do mundo. Os Estados Unidos já haviam solicitado às autoridades de Hong Kong que o prendessem e entregassem aos americanos.
Assim, nossa conversa foi curta e vaga, e ambos expressamos o desejo de manter contato. Eu lhe disse para se cuidar.
(...) 
Quando enfim cheguei ao estúdio para as entrevistas do Morning Joe e do Today Show, reparei no mesmo instante que o teor das perguntas tinha sofrido uma mudança dramática. Em vez de me tratarem como jornalista, as apresentadoras preferiram atacar um novo alvo: o próprio Snowden, agora foragido em Hong Kong. Muitos jornalistas norte-americanos tornaram a assumir seus papéis habituais de vassalos do governo. A notícia não era mais como jornalistas tinham exposto sérios abusos da NSA, mas como um americano que trabalhava para o governo tinha "traído" suas obrigações, cometido crimes e depois "fugido" para a China.
Minhas entrevistas para ambas as apresentadoras – Mika Brzezinski e Savannah Guthrie – foram pungentes, amargas. Sem dormir havia mais de uma semana, não tive paciência para as críticas veladas a Snowden contidas em suas perguntas; na minha opinião, os jornalistas deveriam estar comemorando, não crucificando alguém que dera mais transparência ao Estado de segurança nacional do que qualquer outra pessoa em muitos anos.
Depois de mais alguns dias de entrevistas, decidi que estava na hora de ir embora de Hong Kong. Era óbvio que agora seria impossível encontrar ou mesmo ajudar Snowden na cidade, e àquela altura eu já estava totalmente exausto física, emocional e psicologicamente. Estava louco para voltar ao Rio.


Pensei em retornar por Nova York e ficar lá por um ou dois dias dando entevistas, só para deixar bem claro que podia faze-lo e que o faria. No entanto, um advogado me demoveu da ideia, argumentando que nao fazia sentido correr riscos legais desse tipo antes de sabermos como o governo dos Estados Unidos planejava reagir.

- Voce acabou de facilitar o maior vazamento de segurança nacional da história dos Estados Unidos, e apareceu na televisão com a mensagem mais desafiadora possível – disse ele. – Só faz sentido planejar uma ida ao país quando tivermos ideia de qual vai ser a resposta do Departamento de Justiça.Eu discordava: achava muito improvável que o governo Obama fosse prender um jornalista no meio de uma reportagem tão em evidência. Mas estava exausto demais para discutir ou correr o risco. Assim, pedi ao Guardian que me pusesse em um voo para o Rio passando por Dubai, bem longe dos Estados Unidos. Por ora, pensei, o que eu tinha feito bastava.


E AI? GOSTOU?
TEMOS QUE CONCORDAR QUE SE ESTA HISTÓRIA NÃO TIVESSE VINDO A TONA, TENDO DISPONTADO NAS MANCHETES DOS MAIORES JORNAIS E NOTICIARIOS, ESTE LIVRO PODERIA TER SIDO CONSIDERADO UMA TEORIA CONSPIRATÓRIA, DIGNA DOS MELHORES ROTEIROS HOLLYWOODIANOS.
ESTA OBRA DE CUNHO DOCUMENTAL RETRATA O QUE OCORREU COM O HOMEM QUE DESAFIOU A NSA E O GOVERNO NORTE AMERICANO, TORNANDO PÚBLICO A VIGILANCIA INDISCRIMINADA DA TELEFONIA E INTERNET NOS EUA E EM PAÍSES ALIADOS.




EU, CHRISTIANE F - A VIDA APESAR DE TUDO - Christiane V Felscherinow


Com certeza, ao ver o título deste livro, veio a sua memória um livro lido ha quase 30 anos atras, no meu caso, na minha adolescencia. Pois bem, o livro que provavelmente lhe veio a cabeça é o Eu, Christiane F, 13 anos, drogada e prostituída, ganhou o mundo. Milhões de pessoas leram as confissões chocantes desta adolescente alemã.


Para aqueles que se perguntam O que aconteceu com ela?, a autora se entrega com franqueza e pudor, contando tudo sobre a sua segunda vida.

A primeira obra originou-se do próprio interesse de Christiane em romper o silêncio e relatar sua história aos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck. O livro trazia no início um trecho do processo, em que ela, colegial e menor de idade, é acusada de consumir, de maneira contínua, substâncias e misturas químicas proibidas por lei. Foi acusada também de ter-se prostituído com o propósito de obter dinheiro para sustentar o vício.

Trinta e cinco anos depois da edição original, Christiane V. Felscherinow retorna àqueles tempos que se seguiram à publicação do livro e às diferentes etapas de sua vida até os dias de hoje: dos anos felizes na Grécia à sobrevivência na prisão, do combate ao vício aos encontros com seus ídolos do rock, da aparição de um anjo da guarda aos momentos de felicidade com seu filho Phillip.


Vou aproveitar este mesmo post para comentar sobre o primeiro livro. Quando eu li, a capa era esta:

Quando, no início de 1978, encontramos Christiane F. — então com 15 anos —, ela depunha como testemunha num tribunal de Berlim. Pedimos-lhe uma entrevista que faria parte de uma pesquisa sobre os problemas da juventude. Tínhamos previsto duas horas para a entrevista, e elas se transformaram em dois meses. De entrevistadores, passamos a ouvintes apaixonados e profundamente emocionados. Este livro nasceu da gravação desse depoimento de Christiane F. É nossa opinião que esta história ensina mais do que o mais bem documentado relatório sobre a situação de uma grande parte da juventude.
Christiane F. quis que este livro viesse a público. Como quase todos os viciados em drogas, desejava romper o silêncio opressivo que cerca a questão dos tóxicos entre os adolescentes. Todos os sobreviventes da “turma”, bem como seus pais, apoiaram nosso projeto e concordaram, para reforçar a autenticidade deste documento, com a publicação de nomes e fotografias. Das famílias, porém, não citamos os sobrenomes. Ao depoimento de Christiane F., juntamos declarações de sua mãe e de outras pessoas que dela se ocuparam, assim completando a análise com uma perspectiva diferente.
KAI HERMANN / HORST RIECK

Thursday, 28 August 2014

MENTES CONSUMISTAS - DO CONSUMISMO A COMPULSÃO POR COMPRAS - Ana Beatriz Barbosa Silva

Você acredita que a sua felicidade está no que você
compra? Seus gastos já lhe causaram problemas financeiros? Se
sua resposta foi sim, você pode sofrer de um problema cada vez
mais comum: a compulsão por compras. O comprador compulsivo
é insaciável. Seu prazer não está na posse dos objetos, mas no ato
da compra em si. Com o estilo que a tornou um fenômeno editorial,
com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos no Brasil, a médica
psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva volta suas atenções
para a dinâmica da mente consumista, apontando soluções para
lidar com a questão e alertando para a inversão de valores de uma
sociedade que confunde consumo com promessa de felicidade.

AMIGAS PARA SEMPRE - KRISTIN HANNAH

Tully Hart tinha 14 anos, era linda, alegre, popular e invejada por todos. O que ninguém poderia imaginar era o sofrimento que ela vivia dentro de casa: nunca conhecera o pai, e a mãe, viciada em drogas costumava desaparecer por longos períodos, deixando a menina aos cuidados da avó. 

Mas a vida de Tully se transformou quando ela se mudou para a alameda dos Vaga-lumes e conheceu a garota mais legal do mundo. Kate Mularkey era inteligente, compreensiva e tão amorosa que logo fez Tully sentir-se parte de sua família.

Ao longo de mais de trinta anos de amizade, uma se tornou o porto seguro da outra. Tully ajudou Kate a descobrir a própria beleza e a encorajou a enfrentar seus medos. Kate, por sua vez, a ensinou a enxergar além das aparências e a fez entender que certos riscos não valem a pena.

As duas juraram que seriam amigas para sempre. Essa promessa resistiu ao frenesi dos anos 1970, às reviravoltas políticas das décadas de 1980 e 1990 e às promessas do novo milênio. Até que algo acontece para abalar a confiança entre elas. 

Será possível perdoar uma traição de sua melhor amiga? Neste livro, Kristin Hannah nos conta uma linda história sobre duas pessoas que sabem tudo a respeito uma da outra – e que por isso mesmo podem tanto ferir quanto salvar.

Friday, 2 May 2014

POR TODA A ETERNIDADE - Kristin Hannah

POR TODA A ETERNIDADE 
(Kristin Hannah)

Tully Hart é uma mulher ambiciosa, movida por grandes sonhos que, na verdade, escondem as lembranças de um passado de abandono e dor. Ela acredita que pode superar qualquer coisa ao esconder bem fundo os sentimentos de rejeição que carrega desde a infância... Até que sua melhor amiga, Kate Ryan, morre. Então, tudo começa a mudar para Tully, que se vê escorregando em um precipício cheio de memórias melancólicas e remédios para dormir... Dorothy Hart — ou Cloud, como era conhecida nos anos 1970 — está no centro do trágico passado de Tully. Ela abandonou a filha repetidas vezes na infância. Até que as duas se separaram de uma vez por todas. Aos dezesseis anos, Marah Ryan ficou devastada pela morte da mãe, Kate. Embora seu pai e seus irmãos se esforcem para manter a família unida, Marah transformou-se numa adolescente rebelde e inacessível em sua dor. Tully tenta aproximar-se de Marah, mas sua incapacidade para lidar com os sentimentos da afilhada acaba empurrando a menina para um relacionamento infeliz com um rapaz problemático. A vida dessas mulheres está intimamente ligada, e a maneira como elas vão rever seus erros e acertos constrói um romance comovente sobre o amor, a maternidade, as perdas e o novo começo. Onde há amor, há perdão...

Wednesday, 30 April 2014

A PRIMEIRA ESPOSA - Françoise Chandernagor

Esta é uma história de amor. E também de separação e abandono pressentidos mais no corpo do que na alma: a protagonista, Catharine, vai aos poucos, vestindo-se de um preto sempre mais intenso, espécie de luto pelo amado que haverá de trocá-la por outra. Isso porque o casamento é o prefácio do divórcio, um prefácio desconhecido, escrito que é somente no final da obra. 

VIDA QUERIDA - Alice Munro


Vida querida, o mais recente livro da prêmio Nobel de literatura Alice Munro, é rico como um romance e equilibrado como um poema. Como nas demais coleções de contos da autora, mestre da forma breve, nos vemos diante de personagens que caminham nas beiradas da existência, arrancadas de seu cotidiano por golpes incisivos do destino e da loucura. Mas este Vida querida tem um diferencial que o coloca num nível novo; coroando uma carreira brilhante, a última parte do livro traz as quatro únicas narrativas autobiográficas já publicadas por Munro, que emprega toda a sua habilidade literária para rever sua vida, além de refletir sobre o ato de narrar, a ficção e os temas que regem sua obra: memória, trauma, morte. Vida: vida.

O AMOR DE UMA BOA MULHER - Alice Munro

Em "O amor de uma boa mulher" — publicado originalmente em 1998 e vencedor, nos Estados Unidos, do National Book Critics Circle Award —, Alice Munro oferece ao leitor mais uma fornada de seus contos de fôlego, marcados pela destreza dos planos cinematográficos e pelo olhar duplo, ao mesmo tempo panorâmico e intimista. A canadense fez das pequenas cidades espalhadas pelo condado de Huron o território privilegiado de sua ficção e detecta nas franjas do meio rural aqueles indivíduos de algum modo deslocados da norma. A velhice, a doença, o transtorno mental ou 
a simples diferença com relação à maioria pontuam os textos.

Em Munro, há uma intuição de que a condição feminina se conecta por vários caminhos com a marginalidade. Uma personagem do conto “Jacarta” sobrevive dando aulas de ballet depois que o marido jornalista supostamente morre num país distante; a protagonista de “Ilha de Cortes” deseja ser escritora, mas fracassa; Pauline, a jovem mãe de “As crianças ficam”, tem uma aparência peculiar que a faz ser convidada para interpretar o papel de Eurídice numa montagem teatral amadora, experiência que irá transformar a sua vida. 

Retrocedendo da atualidade à década de 1950, as narrativas flagram um período em que, para as mulheres, o trabalho muitas vezes servia apenas como um intervalo entre o casamento e a chegada do primeiro filho. Na verdade, tratava-se de um hiato particularmente propício ao desconforto, pois aqueles foram os anos que precederam a Revolução Sexual. 

A posição gauche dessas mulheres as aproxima de zonas mentais obscuras, colocando-as em xeque diante da vida social. É como se a precisão do roteiro traçado para os homens se opusessem à precariedade e à deriva dos destinos femininos.

EU SOU MALALA - Malala Yousafzai

Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente. 

Tuesday, 25 February 2014

ENTÃO CONHECI MINHA IRMÃ - Christine Hurley Deriso

Summer Stetson não conheceu sua irmã. Sua mãe engravidou dela assim que Shannon morreu, aos 17 anos, em um terrível acidente de carro, que se chocou com uma árvore. Ao longo de sua vida, Summer acostumou-se a assistir seus pais repetirem o quanto a irmã era perfeita, amada e boa filha, e por isso sempre acreditou que fosse uma decepção para eles. Ao fazer 17 anos, recebe da tia de presente o diário que Shannon escrevia até o dia de sua morte. Ao ler aquelas páginas para saber mais sobre a irmã, acaba descobrindo alguns segredos, e a cada revelação, sobre a família e sobre si mesma, entende que a verdade pode ser, por vezes, dolorosa, mas nunca deixará de ser libertadora.

O SEGREDO DO MEU MARIDO - Liane Moriarty

Ela virou o envelope. Estava lacrado com um pedaço de fita adesiva amarelada. Quando a carta tinha sido escrita? Parecia velha, como se tivesse sido anos antes, mas não havia como saber ao certo. Imagine que seu marido tenha lhe escrito uma carta que deve ser aberta apenas quando ele morrer. Imagine também que essa carta revela seu pior e mais profundo segredo - algo com o potencial de destruir não apenas a vida que vocês construíram juntos, mas também a de outras pessoas. Imagine, então, que você encontra essa carta enquanto seu marido ainda está bem vivo... Cecilia Fitzpatrick tem tudo. É bem-sucedida no trabalho, um pilar da pequena comunidade em que vive, uma esposa e mãe dedicada. Sua vida é tão organizada e imaculada quanto sua casa. Mas uma carta vai mudar tudo, e não apenas para ela: Rachel e Tess mal conhecem Cecilia - ou uma à outra -, mas também estão prestes a sentir as repercussões do segredo do marido dela. Um romance emocionante, O Segredo do Meu Marido é um livro que nos convida a refletir até onde conhecemos nossos companheiros - e, em última instância, a nós mesmos. 

Monday, 6 January 2014

UMA PROVA DO CÉU - A JORNADA DE UM NEUROCIRURGIAO A VIDA APOS A MORTE - Eben Alexander

Cético, defensor da lógica científica e neurocirurgião há mais de 25 anos, o Dr. Eben Alexander viu sua vida virar do avesso quando passou por uma experiência que ele mesmo considerava impossível. Vítima de uma meningite bacteriana grave, ficou em coma por sete dias. Enquanto os médicos tentavam controlar a doença, algo extraordinário aconteceu. Eben embarcou numa jornada por um mundo completamente estranho. Sem consciência da própria identidade, foi mergulhando cada vez mais fundo nessa realidade difusa, onde conheceu seres celestiais e fez descobertas transformadoras sobre a existência da vida após a morte e a profunda relação que todos nós temos com Deus. Quando os médicos já pensavam em suspender seu tratamento, o inesperado aconteceu: seus olhos se abriram. Ele estava de volta. Mas nunca mais seria o mesmo. Aquela experiência o levou a questionar tudo em que acreditava até então. Afinal, como neurocirurgião, ele sabia que o que vivenciou não poderia ter sido uma mera fantasia produzida por seu cérebro, que estava praticamente destruído. Analisando as evidências à luz dos conhecimentos científicos, o Dr. Eben decidiu compartilhar essa incrível história para mostrar que ciência e espiritualidade podem – e devem – andar juntas. Narrado com o fascínio de um paciente que visitou o outro lado e com a objetividade de um médico que tenta comprovar a veracidade de sua experiência, este é um livro emocionante sobre a cura física e espiritual e a vida que se esconde nas diversas dimensões do Universo.