Thursday 17 February 2011
A CAMA NA VARANDA - Regina Navarro Lins
A cama na varanda discute de modo revolucionário a história sexual humana, da valorização da mulher na Antiguidade, ao surgimento do patriarcalismo e às novas normas sociais. Nesta edição revista e ampliada, a autora traz à tona uma das principais dúvidas que permeiam os relacionamentos atuais - estabilidade ou liberdade? A partir dessa questão, novas formas de amar estão começando a ser considerados, fazendo com que o amor romântico, cultivado há séculos pela sociedade, comece, aos poucos, a sair de cena.
É daqueles livros que o tempo decanta. É assim porque sua base é a insatisfação que predomina nos relacionamentos amorosos e sexuais. A primeira edição deste livro é de 1997 e, após dez anos de sua publicação, ainda desperta interesse em leitores de idades variadas. Agora editado pela Best Seller, A Cama na Varanda contou com uma leitura atenta, na busca de possíveis alterações impostas pelo tempo. Nada foi desmentido pela realidade, mas novos caminhos e tendências surgiram. Seu relançamento nos dá a medida de como a obra está afinada com a vida no Ocidente. As denúncias sobre a ação nefasta do amor romântico continuam encontrando eco, embora o fermento da ilusão do par perfeito siga fazendo vítimas, embalado pelas mídias do entretenimento.
Nesta nova edição, Regina acrescenta a quinta parte, O futuro que se anuncia, abordando algumas questões contemporâneas. Nas três grandes vias em que o texto é conduzido - amor, casamento e sexo - o que chama a atenção é a busca de uma vida mais livre e desvinculada de regras autoritárias. O amor, na forma que conhecemos, começa a sair de cena, levando com ele a idealização do par romântico, com sua proposta de os dois se transformarem num só, e a idéia de exclusividade. Essa mudança bem-vinda foi analisada no novo capítulo sobre o amor. Observa-se a tendência de substituir a idealização pela amizade e companheirismo nas relações amorosas. Assistimos a um novo mundo de possibilidades, onde o leque de escolhas diante do amor se amplia. A crença de que se deve encontrar toda a satisfação num único parceiro fica abalada com a hipótese de se amar mais de uma pessoa simultaneamente.
Tempos tão permissivos só poderiam gerar alguma coisa como o poliamor. Uma verdadeira revolução nos relacionamentos, que a edição anterior deste livro apenas insinuava. Na obra revisada e ampliada a autora desvenda o que poderá ser a mais importante mudança na vida amorosa das pessoas desde a revolução sexual. O casamento experimenta profundas transformações - Num futuro próximo, casais podem estar ligados por questões afetivas, profissionais ou mesmo familiares, sem que isso impeça sua vida amorosa de se multiplicar com outros parceiros. A admissão de uma terceira pessoa ou a troca de afetos e prazeres com outros casais ganha força.
Segundo Regina, o século XXI deverá assistir ao estabelecimento de uma inédita sociedade de solteiros - famílias de um único genitor se tornarão predominantes. O mito da necessidade de pai e mãe viverem juntos para a formação sadia do indivíduo caiu quase definitivamente. O conceito de família se amplia. Os casais homossexuais são aceitos com mais naturalidade, e o número de países que admitem a união estável entre gays cresce a cada ano. Alguns dão aos cônjuges do mesmo sexo todos os benefícios que têm os casais heterossexuais, inclusive os direitos à herança, à pensão para o viúvo, à adoção de crianças e ao divórcio. O sexo perde aos poucos a visão moralista, que ao longo da história da civilização foi colocada sobre ele. O reconhecimento de que sua prática é fator de equilíbrio e princípio de vida saudável, amplamente anunciado por W. Reich nos primórdios do século XX, se torna consensual. As dificuldades de encontrar parceiros são superadas pelo sexo virtual. Ninguém sabe quem está do outro lado, mas isso não impede que se vivam fortes emoções. A rede permite as relações entre estranhos com mais facilidade que em boates, bares ou festas. Os cybergames eróticos devem reproduzir o prazer sexual num futuro que se anuncia próximo.
Os milenares dildos que mulheres usam desde a antiguidade são substituídos por vibradores sofisticados fazendo aflorar intensos orgasmos, em uso individual ou durante o sexo com o parceiro. Para a especialista, há sinais de que caminhamos para o fim do gênero sexual. A androginia refere-se a uma maneira específica de juntar os aspectos “masculinos” e “femininos” de um único ser humano. É possível que, num futuro próximo, com a dissolução da fronteira entre masculino e feminino, as pessoas escolham seus parceiros amorosos e sexuais pelas características de personalidade, e não mais pela condição de serem homens ou mulheres.
Além das novidades, a autora apresenta neste clássico contemporâneo três focos narrativos. A história dos relacionamentos, lenta eliminação de preconceitos repressivos que evoluem para a revolução cultural dos anos 60 e 70; os exemplos de consultório, trazendo a base empírica para o texto e, finalmente, a avaliação crítica da autora. Os focos estão voltados para quatro instâncias e temas: o passado distante, o amor, o casamento e o sexo. É raro e gratificante encontrar pesquisa tão aprofundada sobre fatos imemoráveis, com a finalidade última de tratar de questões que dizem respeito à maioria das pessoas.
Fonte: (http://www.portalmulher.net/articles.asp?id=4774)
ACHEI QUE IAM GOSTAR DESTA DICA.
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